quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ciro Gomes insiste na candidatura, critica Lula e petistas

Da Agencia O Globo/Gerson Camarotti
O Globo


O deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) reforçou ontem sua estratégia de enfrentar o governo, o PT e o até o presidente Lula. Ciro deixou claro que a única forma de seu nome sair da disputa presidencial será por decisão do PSB. Em entrevista, no cafezinho do plenário da Câmara, o deputado enfatizou, várias vezes, sua divergência com a estratégia de Lula de ter uma única candidatura da base governista. Enquanto falava com os jornalistas foi abordado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), que pediu para ele não brigar com Lula. O cearense foi direto com o colega: — Ele (Luiz Sergio) acha que discordar do Lula é brigar.

Concordar com tudo não é ser amigo. O Lula está errado.

Ao afirmar que o presidente erra nessa estratégia de polarização, Ciro argumenta que na política, se não houver diferença, se estabelece o conservadorismo.

Também considerou erros a saída do governador Aécio Neves (PSDB-MG) da disputa presidencial e a tentativa de isolamento da candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC).

— Não precisa ser uma diferença inamistosa, grosseira. Mas se você não estabelece a diferença, de que vai viver o nosso povo? Nesse caso, vamos refundar no Brasil a cultura do chavismo, do peronismo. O (ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso quis isso. O Lula, não. Tanto que recusou o terceiro mandato. Será que o confronto pragmático entre Dilma e Serra, entre o PT e PSDB faz bem ao país? Sobre a declaração da ministra Dilma de dividir palanque com ele, dada ontem no Rio, Ciro disse que ela foi “extremamente lisonjeira” e que fez uma “gentileza”. Mas deixou claro que estarão em palanques diferentes.

Perguntado sobre a possibilidade de ser vice na chapa da petista, foi categórico: — Não insultaria Dilma chamando para ser candidata a vice.

Eu quero ser candidato. Se ela quer também, estaremos do mesmo lado político, mas não eleitoral. No segundo turno é uma possibilidade mais do que real, é certa, se depender da minha vontade. Eu preciso, na defesa do interesse do povo, apresentar minha candidatura.

Ciro disse que atenderá a decisão do PSB, mas demonstrou resistência em ser candidato ao governo de São Paulo: — A única circunstância para eu desistir é se o PSB pedir para retirar meu nome, aí eu aceito docilmente. Agora, se o PSB pedir para ser candidato a governador de São Paulo, aí eu vou espernear e depois resolver.

Ciro alfinetou as candidaturas de Dilma e de José Serra, e disse que a retirada de sua candidatura é a “única unanimidade da agenda de mesquinharia do PT e PSDB”.

— Eu posso falar coisas que o PT não pode. Até porque as bases da aliança PT-PMDB não permitem. Não aguenta falar porque a moral dessa aliança é um roçado de escândalo. Não tenho que fazer homenagem ao (ex-governador Orestes) Quércia (PMDB-SP), como o Serra, e não tenho que fazer homenagem ao (senador) Renan Calheiros (PMDB-AL), como a Dilma.

Ele afirmou que a candidatura Serra representa o passado, que Dilma teria dificuldade de falar das lacunas do atual governo e que a sua candidatura sinaliza para o futuro. Ainda avalia que Serra não será candidato.

— Minha opinião é que o Serra não será candidato. O tempo está passando e os fatos se consolidando.

Ciro também foi para o confronto direto com o ex-ministro José Dirceu, que tem defendido a retirada de sua candidatura: — Ele não me pediu para retirar minha candidatura. Se pedir, mando pastar. Ele deveria assumir um certo recato. A conduta atual dele é golpista.

Para Ciro, Dirceu agiu como golpista quando era presidente do PT e abriu na comissão de ética um processo contra Lula para apurar as relações dele (Lula) com o compadre Roberto Teixeira — Lula havia sido acusado de tráfico de influência.

— Ele quis acabar com o Lula.

O Zé Dirceu estava decidido a destruir Lula — explicou Ciro, em entrevista para o jornal “O Estado de S. Paulo

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